terça-feira, fevereiro 10, 2009

Sócrates de vez em quando lembra-se de nós,

a classe média. Já em campanha, lembrou-se de prometer baixa de impostos. Desenganem-se. O Orçamento de Estado já foi aprovado, é tarde para mudar a estrutura ou a composição do imposto. Portanto, a baixa de IRS não será para este ano. O resto é conversa para pategos. Ponto final.

Mais 200 milhões...

Hoje, Pinho aumenta em 200 milhões de euros, a linha de crédito, inicial, de 400 milhões de euros. Para investimento? Não. Para reforço de tesourarias das micro e PME... Ou seja, pagar salários, dívidas aos fornecedores, etc. É para o que servem estes empréstimos.
Todos os pequenos patrões têm o direito de ir buscar dinheiro, remediados, falidos, semi-falidos. É que o Estado anda a dar garantias do tipo "first hand" que cobrem 50% dos empréstimos bancários. Claro, a banca aceita o negócio. Veremos no que isto vai dar...
Para já, o custo destas linhas de crédito já vai nos 400 milhões de euros, entre bonificações de juros e comissões para o fundo de garantia mutuo (que dá cobertura às garantias).

Exportações arrasadas...

Tal como já aqui o dissemos várias vezes, as exportações eclipsaram-se... O destino espanhol representa 27% das empresas e, nos primeiros onze meses de 2008, as vendas recuaram 1,5%. Para a Alemanha, o comércio (exportações) caiu 0,5%, para França as perdas foram de 5% e para o Reino Unido, 7,4%. Contas feitas, para os cinco destinos as empresas perderam 683 milhões de euros em vendas. Para a UE, as exportações cairam 20,6% em Novembro, em comparação com mesmo mês de 2007.

domingo, fevereiro 01, 2009

Semanas de três dias na Malásia

O governo malaio está a ponderar instaurar a semana de três dias de trabalho (claro, com cortes correspondentes nas remunerações). O objectivo é manter o emprego, ante a quebra das exportações, contagiada pelo decréscimo do comércio mundial. Ainda assim, para este ano, espera-se que 45 mil trabalhadores do sector electrónico percam postos de trabalho. A Panasonic já fechou três fábricas, a americana Western Digital seguiu-lhe os passos e o mesmo deverá suceder com a Intel...

EUA: os campeões do proteccionismo...

Para reactivar a economia americana, um projecto de lei, respeitado por Obama: todo o ferro ou aço para aplicação na construção civil (incluindo obras publicas) deve ser produzido no país.
Não é coisa de somenos. A Comissão Europeia já avisou Washigton que não ficará quieta. E, dentro dos EUA, há quem grite de dor: a Caterpillar, a indústria espacial (Boing, Nasa, p.e.) e a General Electric temem represálias.
A Era Obama é o proteccionismo? A das barreiras ao comércio? A do triunfo dos subsídios? O que será feito de Dowa, do Terceiro Mundo?

A deflação em Portugal, de A a Z

O que é a deflação? É a queda dos preços e é consequência da falta de procura, consumo de bens e serviços. Também é possível, sectorialmente, que um excesso de oferta leve a "destruir" preços.

Como isto sucede? Um ciclo difícil de romper, com causas e efeitos difíceis de relacionar. Mas, siga este percurso, mais adaptado à realidade: um forte abrandamento da economia acaba por destruir as empresas mais frágeis. Início de desemprego, menos salários, que, por sua vez, leva a uma menor procura por parte das famílias. As outras empresas vendem menos e acabam por desacelerar nos preços à saída da fábrica. Começa aqui a desinflação (crescimento mais lento dos preços) e também a passagem do abrandamento para a recessão, crise económica... As empresas respondem, estreitando as margens comerciais ao limite e ficam descapitalizadas. Algures por aqui surgem picos de deflação (queda dos preços, os produtos ficam mais baratos). Depois a saída dos empresários, descapitalizados, é, ainda, despedir para baixar a produção. O ciclo continua: mais desemprego leva a menos rendimentos, menos compras. Por esta altura, o medo, a falta de confiança no futuro, leva as famílias a apostarem nas poupanças. Isto leva a reduzir ainda mais as compras e a produção.

Agora, isto, tão nipónico: quem tem dinheiro, também não compra: espera que no dia seguinte os produtos sejam mais baratos...



Isto pode acontecer em Portugal? Pode, de forma episódica. Ou seja, haverá meses em que os preços vão cair. Até há pouco tempo (meses) era impensável a deflação em Portugal. Desde logo, a dependência energética do país é alta. Mas o preço do barril do petróleo desceu abruptamente (os preços da alimentação também desaceleraram), no meio de uma recessão económica, provocada pela instabilidade no sistema financeiro e bancário. Em 2009, o consumo das famílias cai (0,2%, diz a Comissão Europeia) já que o desemprego aumenta (cerca de 90 mil, dos quais 50 mil por destruição de emprego). O investimento também cai, o que reduz a procura.

Os portugueses que escaparem ao desemprego, até podem ganhar poder de compra (a inflação média deverá aumentar apenas 1%), com aumentos salarios reais, taxas de juro a baixar, IRS mais baixo (efeito das medidas anti-ciclicas) mas mesmo estes felizardos vão privilegiar as poupanças. Um misto por medo e falta de confiança no futuro e porque estão muito endividados para com a banca.