domingo, fevereiro 01, 2009

A deflação em Portugal, de A a Z

O que é a deflação? É a queda dos preços e é consequência da falta de procura, consumo de bens e serviços. Também é possível, sectorialmente, que um excesso de oferta leve a "destruir" preços.

Como isto sucede? Um ciclo difícil de romper, com causas e efeitos difíceis de relacionar. Mas, siga este percurso, mais adaptado à realidade: um forte abrandamento da economia acaba por destruir as empresas mais frágeis. Início de desemprego, menos salários, que, por sua vez, leva a uma menor procura por parte das famílias. As outras empresas vendem menos e acabam por desacelerar nos preços à saída da fábrica. Começa aqui a desinflação (crescimento mais lento dos preços) e também a passagem do abrandamento para a recessão, crise económica... As empresas respondem, estreitando as margens comerciais ao limite e ficam descapitalizadas. Algures por aqui surgem picos de deflação (queda dos preços, os produtos ficam mais baratos). Depois a saída dos empresários, descapitalizados, é, ainda, despedir para baixar a produção. O ciclo continua: mais desemprego leva a menos rendimentos, menos compras. Por esta altura, o medo, a falta de confiança no futuro, leva as famílias a apostarem nas poupanças. Isto leva a reduzir ainda mais as compras e a produção.

Agora, isto, tão nipónico: quem tem dinheiro, também não compra: espera que no dia seguinte os produtos sejam mais baratos...



Isto pode acontecer em Portugal? Pode, de forma episódica. Ou seja, haverá meses em que os preços vão cair. Até há pouco tempo (meses) era impensável a deflação em Portugal. Desde logo, a dependência energética do país é alta. Mas o preço do barril do petróleo desceu abruptamente (os preços da alimentação também desaceleraram), no meio de uma recessão económica, provocada pela instabilidade no sistema financeiro e bancário. Em 2009, o consumo das famílias cai (0,2%, diz a Comissão Europeia) já que o desemprego aumenta (cerca de 90 mil, dos quais 50 mil por destruição de emprego). O investimento também cai, o que reduz a procura.

Os portugueses que escaparem ao desemprego, até podem ganhar poder de compra (a inflação média deverá aumentar apenas 1%), com aumentos salarios reais, taxas de juro a baixar, IRS mais baixo (efeito das medidas anti-ciclicas) mas mesmo estes felizardos vão privilegiar as poupanças. Um misto por medo e falta de confiança no futuro e porque estão muito endividados para com a banca.