sexta-feira, janeiro 23, 2009

Sofrer em 2009

Em poucos dias, mais duas previsões. A Comissão Europeia não se engasga e diz que a economia recua 1,6% em 2009, em comparação com 2008. O governo diz que o PIB contrai 0,8% (igual à estimada pelo BP, no princípio deste mês). Ontem, Constâncio, no Parlamento, disse que a queda será entre 0,8% e 1,6% do PIB. A economia internacional deteriorou-se nas duas últimas semanas, justificou. É verdade.
Bom, e as famílias? Para o governo os gastos familiares no consumo aumentarão 0,4% este ano. A Comissão, pelo contrário, diz que descem 0,2%.
A minha opinião? deverá estagnar (é para não me chatear nem com uns, nem com outros). Percebo que a Comissão espera esta quebra, já que estima um recuo de 0,9% no emprego, o que significa mais 90 mil desempregados... Haverá ganhos salariais e de poder de compra para quem não perder emprego, muito à custa de baixa inflação esperada (preços aumentam 1% em média, em relação a 2008). Mas também aumentará a poupança, já que as famílias estão fortemente endividadas e temem o futuro. Ou seja, desemprego e acréscimos de poupança, explica contracção no consumo de bens (alimentares, vestuário, duradouros) e serviços.
O Governo é mais optimista, como se lê em cima. Admite mais desemprego (cerca de 76 mil), mas espera que os aumentos salariais na Função Pública (2,9%) reactive os gastos das famílias. Estou convencido que terá desagradável surpresa: o sector privado não seguirá exemplo e mesmo os felizes sorteados com aumentos aplicarão o "excesso" em poupanças. Há indícios de que os depósitos (a prazo) na banca estão a aumentar (ver DN).
Bom, com isto, a economia sofre. Não há consumo (e as exportações recuam...), não há produção. Mas, com Portugal endividado ao exterior, talvez melhorem as contas externas. Um assunto que deixo para amanhã.