quinta-feira, setembro 28, 2006

Meias verdades na SS ( I )

Tanto Sócrates como Marques Mendes apareceram ontem muito mal preparados para o debate sobre a Segurança Social... Enfim, pagaremos, com juros, estes dislates.
Vamos primeiro aos argumentos "socráticos". Como se sabe a proposta do PSD (misto repartição/capitalização) implica emissão de dívida pública, entre os seis e os nove mil milhões de euros, para liquidar o défice da SS. Sócrates constestou a solução PSD, afirmando que isto implicava o aumento das notações de rating da República*, podendo elevar as taxas de juro (afectando os custos do Estado, das empresas e famílias com empréstimos). Ora, isto só parcialmente é verdade. Acontece que as agências de rating não são aparvalhadas e já "descontaram" (há muito tempo) o futuro buraco nas contas da SS, tal como acontece com outros défices (orçamental, endividamento, dívida externa...). Sabem que o potencial da dívida não escriturada é de muitos milhares de milhões de euros. O que não sabem é o quanto ascende a dívida da SS (6% do PIB?; 9%? 12%?). De resto, tal como nós, portugueses. É precisamente esta incerteza que é perigosa para a notação da República. A solução, seria calcular a dívida futura, tendo como base os calotes pregados à SS pelo Estado, desde finais dos anos 70: cifras actualizadas, à volta dos 5 mil milhões de euros, com base no livro branco da SS (um dos autores é o actual ministro da Saúde). Este montante seria gerido por um instituto público (já existente) com base num sistema de capitalização.

*Uma espécie de classificações à qualidade dos países, dadas por uns gajos estrangeiros, inteligentes.